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parte 6

Voltando imediatamente a si e percebendo melhor as circunstâncias, Addora sem jeito e envergonhada faz uma curta reverência, se agachando com um joelho apoiado no chão, a moda cerimonial dos palácios; ela responde com acato e sem ousar defrontar muito a anfitriã:



ADDORA
Sou Addora Panaplios, Chevalier Dota da Ordem dos Cavaleiros do Reino, a seu dispôr!... – no que ela ainda se lembra, afoita, de encadear rapidamente – Sou-lhe muito grata pela sua bondosa hospedagem; mas lhe peço perdão pela minha rude presença em sua estância, assim como lhe peço a permissão para sair deste recinto, se assim for desejado por madamselle.


A donzela branca simplesmente observa Addora impassivelmente, e quando a cavaleira hóspede já estava começando a desejar sumir por entre as frestas do piso do chão, a anfitriã, com sua pequena voz, convida, sem parecer irritada:



DONZELA BRANCA
Por que não vem tomar café? – fazendo menção com uma das mãos indicando na direção da mesa do aposento ao lado, em que estava servido o pequeno almoço.


Addora não deixa de demonstrar alguma surpresa e uma boa dose de felicidade; não porque estivesse faminta – embora algum apetite tivesse naquela manhã – mas por descobrir que aquela misteriosa garota parecia ser realmente uma dócil pessoa, mesmo com aquele ar insolúvel e insensível que seu rosto inerte parecia transmitir a todo instante. Sentaram-se a mesa, não sem novos agradecimentos insistentes por parte da hóspede. Addora não tinha receio ou cisma de aceitar ajuda de outros quando ela estava em dificuldade – mas gostava sobretudo de convites, por isso antes estivera tão irrequieta; no geral, sempre estava disposta a prestar auxílio espontâneo às pessoas, e ela já tinha aprendido a agir assim, muito antes de ser nomeada Chevalier. Agora ela podia ver que aquele aposento, uma pequena sala de estar junto a uma cozinha estreita, tinha praticamente o mesmo tamanho que o quarto de dormir de onde tinham vindo. Havia também uma janela com cortinas entreabertas do mesmo lado do chalet, e que dava para um horizonte cego com colinas próximas, copas de árvores escuras e muita cerração; a cozinha ficava do lado oposto, enquanto que ao fundo da peça para quem vem do quarto, havia uma sólida porta de madeira contornada por um marco entalhado com formas vegetais. Era um chalet simples e rústico, porém com algumas surpresas de design de interior. Ao final da breve refeição matinal, a donzela branca fixa-se nos olhos de Dota e lhe pergunta calmamente, num tom curioso mas talvez um tanto quanto incrédulo:



DONZELA BRANCA
Você é mesmo uma cavaleira do Reino?


ADDORA
Sou. – diz ela sem se sentir ofendida ou incomodada, e respondendo com um olhar franco enquanto atestava positivamente com a cabeça.


DONZELA BRANCA
Me chamo Iris Vesta. Sou mais reconhecida por ser Vesta. Sou integrante do Círculo dos Magos Brancos. Eu não moro neste lugar. Mas esta casa, pelo menos, é minha. Eu vim aqui porque...



De repente, Vesta interrompe sua fala pautada, e Addora então nota alguma rápida e sensível alteração em suas feições do rosto; parecia estar desconfortável enquanto começava a explicar, e ia retomando – “...porque...”, porém desta vez sua voz inteira se crispava e seu rosto mais pálido do que antes tremulava a partir do corpo: estava prestes a debulhar-se em pranto.


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